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02 abril 2014

- A Vida Cristã em Parábolas: A Importância do Perdão

Estudo: MATEUS 18.23-35

Nesta parábola, o Reino dos Céus é, novamente, demonstrado em figura, nos proporcionando grande ensino. A igreja é o corpo vivo de Cristo, portanto, receptiva às manifestações deste Reino.
O Senhor destaca a beneficência do perdão, mostrando que concedê-lo a alguém nos torna alvo do perdão divino, por isso está escrito: "Suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também" (Cl 3.13).

Vamos saber importância de perdoar uns aos outros:

I - O CRISTÃO FOI PERDOADO POR DEUS

O perdão é uma das práticas mais benéficas do cristianismo e a sua doutrina é largamente ensinada na Bíblia. No Novo Testamento, a palavra "perdoar" é expressa de quatro maneiras:

a. "Tratar graciosamente com" (O perdão divino é sempre um ato de graça da parte de Deus. Portanto, o que "de graça recebeste, de graça dai" (Mt 10.8));
b. "Mandar embora, soltar;
c. "Libertar" (conf. Lc 6.37); e,
d. "O deixar passar" (conf. Rm 3.25).
Por todas essas expressões, fica clara a ideia do perdão divino.

De que forma podemos perdoar:

1. Reconhecendo nossa dívida
Este é o primeiro passo para o perdão divino. A parábola mostra que a aquele servo devia um valor exorbitante, e que ele não tinha como pagá-lo (v. 25). Cada talento valia 6.000 denários, e o servo devia 10.000 talentos, que equivale a 60.000.000 denários. Apesar disso, o Senhor perdoou-lhe a dívida. A expressão "soltou-o" (v. 27) revela que a dívida é como uma prisão; no entanto, Deus tratou com o devedor graciosamente, soltando-o e libertando-o. Isso é perdão. Da mesma forma, a nossa dívida para com o Senhor era muito maior do que podíamos pagar. A Escritura diz que todo aquele que comete pecado é escravo do seu escravo (Jo 8.34), mas também afirma que é Deus quem perdoa todas as nossas iniquidades (Sl 103.3; 1Jo  1.9).

2. Humilhando-se perante o Senhor
"Então aquele servo, prostrando-se..." (v. 26a). Se aquele servo arrogantemente elevasse a sua voz contra o seu senhor, tentando provar que não lhe devia nada, certamente teria sido vendido à escravidão e jamais se livraria, pois não teria como quitar a dívida. No Salmo 49.8, lemos: "pois a redenção da sua alma é caríssima, e seus recursos se esgotariam antes". Aquele homem prostrou-se e passou a reverenciar o seu senhor que, comovido, o perdoou. O rei da parábola representa o nosso Deus que é rico em perdoar (Is 55.7). A Sua sentença para os humildes e arrependidos é: "pois lhes perdoarei a sua iniquidade e não me lembrarei mais dos seus pecados" (Jr 31.34).

3. Tornando-se alvo da compaixão do Senhor (v. 27)
O que leva Deus a nos perdoar em Cristo é a sua misericórdia e não os nossos argumentos. O fariseu em nada convenceu o Senhor enquanto justificava a si mesmo. Jesus disse: "Digo-vos que este (referindo-se ao publicano), desceu justificado para a sua casa, e não aquele (o fariseu); porque todo o que a si mesmo se exalta será humilhado, mas o que a si mesmo se humilha será exaltado" (Lc 18.14). O servo disse: "tem paciência comigo" (v. 26); o publicano orou: "Ó Deus, sê propício a mim, o pecador" (Lc 18.13); Davi suplicou: "Compadece-te de mim, Ó Deus, segundo a tua benignidade, apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias" (Sl 51.1).

II - O CRISTÃO DEVE EVITAR NEGAR O PERDÃO

Depois de ser perdoado de toda aquela dívida (v. 32), o servo encontrou um que lhe devia 100 denários (v. 28). A dívida daquele servo era de 60 milhões de denários, enquanto que a do seu conservo era de apenas 100 denários, ou seja, uma dívida, milhares de vezes menor. Deus nos perdoou tantas coisas ao nos conceder o dom gratuito da salvação em Cristo, que qualquer ofensa que outro ser humano possa praticar contra nós é irrisória (Lc 17.3,4; Tg 2.13; 1Pd 4.8). O servo incompassivo agiu assim:

1. Não desprezando seu semelhante - "Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos..." (v. 28a).

Nós não merecemos em hipótese alguma o perdão divino. Quando pecamos é porque estamos desobedecendo às leis de um Deus Santo, e ofendendo-o com a nossa natureza obstinada e dureza de coração. Quando Deus nos perdoa, Ele o faz movido pelo seu amor imensurável e por meio de Cristo Jesus, "em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça" (Ef 1.7). O servo da parábola, a despeito de ter sido perdoado após rogar ao seu senhor, desprezou totalmente o seu semelhante, que lhe suplicava por misericórdia. Da mesma forma como fomos perdoados, devemos perdoar setenta vezes sete ao nosso irmão que pecar contra nós (Mt 18.15-22; Lc 17.4).

2. Não agindo de forma egoísta - "Paga-me o que me deves" (v. 28c).
O egoísta deseja somente para si e não quer que outros alcancem algum benefício. Perdoar é soltar, é libertar alguém e deixá-lo ir. O perdão é uma doação, portanto esta é a lei de Deus: "Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão" (Lc 6.37). Mas o egoísta recebe e não passa adiante.
Aquele servo foi liberto de uma grande dívida que comprometia, inclusive, toda a sua família, porque o pecado traz consequências catastróficas até para as pessoas que amamos, como foi o caso de Acã (Js 7.24).

3. Exercitando a compaixão - "Ele, porém, não quis" (v. 30a)
Aquele servo não perdoou ao seu companheiro, simplesmente porque não quis. Muitos cristãos afirmam categoricamente - "Eu não perdoo, quem perdoa é Deus". Outros dizem: "Eu já perdoei, mas é ele lá e eu aqui". Existe casal que aceita teoricamente o erro do seu cônjuge, mas no íntimo nunca o perdoou e assim o mantém preso. Famílias inteiras, vivendo debaixo do mesmo teto, mas não conseguem se perdoar. Na igreja, muitos estão cantando e ceando juntos, e, por incrível que pareça, até orando juntos, mas nunca se perdoaram. E sabem por quê? Porque não querem. Se o perdão fosse algo impossível, Deus jamais o exigiria de nós (Mc 11.26). O servo poderia ter perdoado aquela dívida tão pequena, se tivesse um mínimo de compaixão interior.

III - O CRISTÃO SERÁ PUNIDO CASO NEGUE O PERDÃO

"Portanto, se estiverdes apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali adiante ao altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. Concilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão" (Mt 5.23-25). Aquele servo foi cobrado duramente por causa de sua atitude.

Vejamos, portanto, a punição para o cristão que não perdoa:

1. Seus desígnios um dia serão revelados - "Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara" (v. 31).

Não é difícil notar as pessoas na igreja que têm dificuldade em perdoar. Esta atitude produz tristeza, primeiramente na pessoa que não alcançou o perdão, depois naquele que o negou e, por último, na igreja como um corpo. Ela sofre com a pouca atuação do Espírito Santo, já que Este só se manifesta em corações sensíveis ao perdão. Não estaria na hora de orarmos pedindo ao Senhor que interfira na situação da igreja para que haja perdão e, consequentemente, libertação e cura? O rei da parábola dependeu de outros para saber da atitude do servo. O nosso Deus, contudo, é onisciente, e trará a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom. quer seja mau (Ec 12.14).

2. Sua atitude será alvo da indignação do Senhor
O Senhor se indignou com a atitude daquele servo, chamando-o de "malvado" (v. 32), e cobrou-lhe o fato de não haver perdoado ao seu semelhante: "Perdoei-te toda aquela dívida... não devias tu também ter compaixão...?" (v.33). Assim como o rei da parábola, Deus tem nos desafiado a exercer o perdão. Ele tem falado conosco por meio da Bíblia - mas, muito não lido mais a Bíblia - das pregações, na letra dos hinos e de muitas outras maneiras. Ele está falando agora, por meio deste estudo. Não devemos, de forma alguma, resisti-lo. "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas" (Mt 6.14, 15).

3. Aquele que não perdoa será cobrada na íntegra - "... até que pagasse tudo o que lhe devia" (v. 34)
O Senhor percebeu que aquele servo era indigno da misericórdia que recebera, e por isso lhe entregou aos verdugos (atormentadores). O servo foi enviado à prisão, não pela dívida, mas porque abusou da graça do seu Senhor. "Assim vos fará meu Pai celestial, se de todo coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas" (Mt 18.35). Algumas doenças, pertubações de ordens psicológicas, desajustes familiares e uma vida espiritual estéril podem indicar a presença do "verdugo", como consequência direta da falta de perdão.

Concluímos então que, o que foi tratado neste estudo não é apenas questão de doutrina, trata-se de ensino prático e fundamental. Perdoar não é uma opção para o cristão, mas, uma prioridade, um imperativo divino. Não é algo que possa ser protelado, a fim de se esperar um momento oportuno para fazê-lo. Não há que se esperar ter o coração apaziguado para liberá-lo. O perdão deve ser fruto de uma decisão voluntária, de uma compaixão e predisposição interior. Perdoe, e seu coração ficará em paz. Perdoe, e você se sentirá livre. Perdoe sempre. Uma boa coisa que o cristão deve saber é não querer saber quem está falando mal de você. Porque não sabendo, o cristão terá sempre comunhão com essa pessoa mesmo que ela não goste de você. Digo isso porque aconteceu comigo. Um irmão bem conceituado de minha igreja uma certa vez me pediu para levá-lo à sub congregação. No meio do caminho ele disse que tinha uma pessoa da igreja que não gostava de mim e se eu queria saber quem era. Naquele momento o Espírito Santo tocou meu coração e eu respondi para esse irmão que não queria saber quem era porque eu estaria em paz com ela, comigo mesmo e com Deus. Assim teríamos uma excelente comunhão com o Senhor.

A vida é curta. Tenhamos paz com todos.