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29 agosto 2014

- "Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo" (Lucas 14.25-35)

O investimento do cristão

Introdução

Ao contrário do que muitos pensam, a vida tem um preço a ser pago. Embora a salvação seja gratuita, não se pode consegui-la, e muito menos levá-la a termo, se não for com muito esforço (Lc 16.16 "A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele."). No texto que vamos estudar, esta verdade é destacada. Podemos ver que se trata de um investimento de valor calculado, cujos meios foram previamente avaliados.

Condições para o Reino de Deus

Nos versículos 28 a 32, Jesus Cristo esclareceu este fato diante de uma grande multidão, comparando a vida cristã com a edificação de uma torre e com os preparativos visando a uma guerra. Com isso Ele quis mostrar, que antes de aceitarmos as condições de ingresso no Reino de Deus, precisamos fazer uma introspecção para saber se vamos levar adiante o novo empreendimento ou não.

Em primeiro lugar, ninguém é forçado a ser cristão, pois Jesus diz: "qual de vós, querendo..." (Lc 14.28). É um ato deliberado da vontade do homem receber, ou não, a condição de ser cristão: "quem quiser tome de graça da água da vida" (Ap 22.17). No entanto, todo aquele que tomar a decisão de "edificar" sua vida em Cristo, deverá se assentar "primeiro a fazer as contas dos gastos,para ver se tem com que acabar".

Muitas pessoas, decidiram seguir a Cristo, mas, para vergonha delas, desistiram no meio do caminho. Puseram o alicerce, mas não puderam concluir o empreendimento. Hoje, afastadas, servem de escárnio e vergonha (Lc 14 29,30; Mt 5.13).

Quando um cristão investe no Reino de Deus como soldado, não corre risco desnecessários (Lc 14.31,32). Porque, primeiro, para lutar em uma guerra, precisa estar preparado com treinamento e armas adequadas. É necessário, também, conhecer a força do inimigo que vem contra nós. Entrar numa guerra despreparado é partir para a derrota. Desta forma, Jesus Cristo ilustrou dizendo: "Ou qual é o rei que , indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?" (Lc 14.31). O cristão não pode correr o risco de entrar na guerra espiritual sem o devido preparo e perder a batalha. Satanás é cruel e não poupará os perdedores (Lc 11.24-26). Contudo, "as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (1Co 10.4).

Em certa ocasião, algumas pessoas eufóricas ofereceram-se para seguir a Cristo, talvez sem avaliar os meios, as condições ou os riscos. O Senhor os confrontou mostrando que quem aceita as condições do Reino, não deve esperar por uma vida de conforto nesta terra (Lc 9.57,58); quem se propõe a segui-lo, não é dono do próprio tempo (Lc 9.59,60) e, para ser um discípulo de Jesus, exige-se disciplina e concentração naquilo que se propõe a fazer (Lc 9.61,62). No texto (Lc 14.25-35), tema da postagem, extraímos três condições para quem quer gozar a vida cristã:

1ª Condição:

- Disposição para sofrer perdas

"Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lc 14.26). De acordo com o contexto, a palavra aborrecer traz o sentido de "desgostar", ou seja, perder o interesse. Paulo aplica a mesma ideia de ensinar a igreja de Corinto: "...como nada tendo e possuindo tudo" (2Co 6.10b). Isso equivale a dizer que podemos possuir tudo, mas não podemos ser possuídos por nada. Em relação aos familiares, quer dizer que devemos nos desprender deles, se for o caso, para colocar o Reino de Deus em primeiro lugar. Abraão teve de fazer isso para atender ao chamado divino (Gn 12.1).

2ª Condição:

- Disposição para morrer para o mundo e para si mesmo

"E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo" (Lc 14.27). A cruz fala de morte. Jesus morreu nela e nos convida solenemente a tomar a nossa. A cruz, neste caso, não significa um instrumento de madeira, muito menos minha esposa, meus filhos ou minha sogra. Representa a morte do meu "ego". O apóstolo Paulo explica bem esta doutrina em Romanos 6.6: "sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, afim de que não sirvamos mais ao pecado". Esta verdade torna-se realidade em nosso viver diário, quando renciamos a tudo o que somos e o que temos (Lc 14.33).

3ª Condição:

- Disposição para manter a qualidade na vida cristã

"Bom é o sal, mas, se ele degenerar, com que se adubará? Nem presta para a terra, nem para o monturo (lixo); lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça" (Lc 14.34,35). Um efeito da mentalidade das igrejas hoje é o que tem sido chamado de "a síndrome da porta de vai e vem". As igrejas estão repletas de pessoas buscando sentido para a vida, alívio para suas ansiedades e preocupações. Assim, elas as escolhem como faz com refrigerantes. Tão logo a igreja que frequentam deixa de satisfazer às suas necessidades, elas saem pela porta tão facilmente quanto entraram. Buscam conforto e se esquecem de que precisam de uma igreja que as façam crescer em Cristo e no amor para com os outros (2Pe 1.5-8; 3.18).

Conclusão

Ser um cristão depreende condições a serem cumpridas. Abraçar estas condições da vida cristã significa calcular o valor a ser pago e avaliar se os meios são perfeitamente viáveis.

Não podemos começar este empreendimento sem os devidos preparos. Portanto, é por meio da renúncia e da morte do nosso egoísmo que conseguiremos levar a termo este edifício para a glória de Deus.