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15 setembro 2015

- Revelação de Jesus Cristo

O autor das revelações

Apocalipse 1.1-8

"Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, 2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. 3 Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. 4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! 7 Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o transpassaram. 8 Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.

Introdução

No próprio texto encontramos a chave de sua mensagem: "A revelação de Jesus Cristo". O livro  de Apocalipse não é para todos os tipos de público. É dirigido aos "seus servos"; é destinado àqueles que pertencem a Jesus, e estão totalmente comprometido em servi-lo. As coisas reveladas, garantiu o Senhor Jesus, devem começar a acontecer rapidamente, sem demora.

I - Quem são os destinatários dessa revelação?

       O livro de Apocalipse é considerado, por muitos, o livro das maldições que preconiza o terrível fim dos seres humanos. Apesar de ser, em parte, verdade, o seu conteúdo apresenta, também, grandes bênçãos para a igreja, pois destaca o louvor e a adoração a Deus e ao Cordeiro. Na verdade, a mensagem do livro foi escrita à igreja (1.1) para revelar seu ápice glorioso e o terrível fim daqueles que estão fora dos propósitos de Deus. Portanto, os destinatários são:

  1. O servos de Jesus Cristo - "Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João" (v. 1). A igreja em unidade com Cristo recebe da parte de Deus Pai informações sobre as coisas que devem acontecer. São revelações que o mundo não pode conceber. A Bíblia diz que: "o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3.7). A igreja é constituída de profetas (os que falam a Palavra de Deus) que, também, são chamados de servos (doulos que significa escravos). No entanto Jesus os chama de "amigos", pois os  (grifo nosso) a conhecer aquilo que recebeu do Pai (Jo 15.15). É a esses que Jesus destinou a sua revelação. Entretanto, "A João é enviado um anjo, que se identifica como "servo de Deus". A maioria dos escravos naqueles dias eram constituída de pessoas que haviam sido capturadas na guerra. À semelhança delas, João e os outros crentes eram também prisioneiros de Cristo pois haviam sido capturados ao exército de Satanás para se tornarem servos do Senhor Jesus. É bom observar o que Jesus disse aos seus discípulos na última ceia. Deste momento em diante, Ele não mais os chamaria servos ou escravos, mas amigos. Um senhor não confidencia aos seus escravos, mas aos seus amigos, abre o coração e expõe todos os seus planos (Jo 15.15). Esta era a forma como Jesus tratava a João e aos outros crentes: revela-lhes os planos de Deus. A revelação feita ao apóstolo vem sendo uma bênção aos cristãos através da história da Igreja, especialmente em tempos de dificuldades e tribulações.".
  2. Os que leem, ouvem e praticam a Palavra de Deus - "Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo" (v. 3). Neste texto, encontramos a primeira das sete "bem-aventuranças" registradas no livro de Apocalipse (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7; 22.14). "A referência  ao ler (grego, anaginoskon) significa ler em voz alta. Isto implica numa leitura feita na igreja, onde os crentes se aglomeravam para ouvir. As bênçãos e bem-aventuranças vêm tanto sobre os leitores como os ouvintes, desde que guardem as palavras da profecia. As bênçãos não vêm sobre leitores negligentes ou ouvintes desatentos, mas sobre aqueles que, amorosamente, obedecem aos preceitos e mandamentos encontrados no livro.". É interessante notar que a revelação dada a João inclui acontecimentos passados e futuros, mas, também, presentes - o que indica tratar-se de um livro prático para a igreja. As instruções nele registradas são para serem lidas, ouvidas e praticadas, para que tenhamos uma vida mais próxima de Jesus Cristo, As bênçãos de Apocalipse são para os que leem, ouvem e observam seus princípios.
  3. Os que foram libertos dos pecados - "e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Aquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados" (v. 5). A obra realizada por Jesus, para nossa redenção, proveu-nos libertação da presença, do poder e da influência do pecado. O preço pago pela redenção é o preço de sangue (1 Pe 1.18, 19). Ser liberto dos pecados é mais significativo do que ser lavado dos pecados. Quando somos "lavados", estamos sendo perdoados por práticas que provavelmente voltaremos a cometê-las, mas quando somos libertos, ficamos livres para não mais praticá-las. Portanto, a nossa libertação é real (Jo 8.36) e será definitiva quando recebermos um corpo incorruptível (1 Co 15.53). "Em seu evangelho, João afiança-nos ter Jesus mostrado, ou revelado, o Pai cheio de graça e verdade (Jo 1.14, 18). Ele é a testemunha verdadeira (Jo 5.31-37), pois veio para dar testemunho da verdade (Jo 18.37). Por intermédio de Romanos, descobrimos que Jesus trouxe-nos a totalidade do amor divino (Rm 5.5-11). Em segundo lugar Jesus é o 'primogênito dos mortos'. Ele foi o primeiro a ser ressuscitado com o novo corpo imortal e incorruptível, que nunca se decomporá, nem há de se deteriorar ou morrer. O termo 'primogênito' também fala de governo. Jesus tomou o lugar de liderança que, de acordo com os antigos costumes hebreus, pertencia ao herdeiro. Vejamos Salmos 89.20, 26-27. Nesta passagem, Deus promete fazer de Davi o seu primogênito, para que este seja 'mais elevado do que os reis da terra'. Em Colossenses I.15-18, é usada a mesma terminologia para declarar a primazia e o senhorio de Jesus Cristo como o mais sublimado Senhor de todas as coisas. Comparemos as seguintes passagens ainda: Êxodo 4.22; Deuteronômio 28.1; Romanos 14.9; I Coríntios 15.20. Através de sua graça e verdade, Jesus tornou-nos herdeiros juntamente com Ele (Rm 8.17) e participantes do seu triunfo final. Em terceiro lugar, Jesus é o ' príncipe dos reis da terra'; é o Rei dos reis e Senhor dos senhores (1 Tm 6.15; Ap 17.14; 19.16). Não satisfeito em repetir as palavras 'graça e paz', João começa a louvar o grande amor de Cristo, que o levou a lavar os nossos pecados através do derramamento de seu sangue no Calvário (v. 5), introduzindo assim um tema proeminente em todo o Apocalipse (Ap 5.6; 7.14; 12.11): a redenção por meio do sangue do Cordeiro de Deus. João conhecia a realidade de nossa contínua purificação à medida que andamos na luz (I Jo 1.7). Em virtude dessa purificação já somos, aos olhos de Deus, o que Ele sempre desejou que o seu povo fosse: 'reis e sacerdotes'. Quando Deus libertou a Israel do Egito, e o trouxe para junto de si, almejou que o seu povo viesse a lhe pertencer de uma forma especial: um reino de sacerdotes, e uma nação santa (Êx 19.4-6)."

II - Jesus o autor das revelações

        O autor das revelações que a nós foi enviada é Jesus Cristo. A Bíblia diz que Deus falou muitas vezes e de maneiras variadas pelos profetas no passado, mas atualmente tem falado por meio de Seu Filho Jesus Cristo (Hb 1.1). Portanto:

  1. Ele é o que domina pelos séculos dos séculos - "e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!" (v. 6). Veja que o texto não afirma que Ele nos fez "reis", mas que nos fez "reino". O rei é para reinar, mas o reino é para ser reinado. Os crentes redimidos pelo sangue de Jesus Cristo, não somente nasceram de Deus (Jo 1.12, 13), para entrar no Seu reino (Jo 3.5), mas também, como igreja, tornou-se um reino para Deus (Lc 17.21; Rm 14.17). Por meio da igreja, Jesus Cristo reina e pode expandir a Sua glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém! Mas a morte redentora de Jesus fez-nos, além de reino, também sacerdotes: "...sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo" (1 Pe 2.5). A conjunção das duas ideias nos eleva à posição de "sacerdócio real" (1 Pe 2.9). "O propósito de Deus à Igreja é o mesmo que destinara a Israel. Somos um templo espiritual, uma nação santa, uma geração escolhida (uma raça eleita, ou pessoas cujas características sejam as recebidas diretamente de Deus, e não as herdadas dos pais), um sacerdócio real (reis que ministram como sacerdotes de Deus), uma nação santa (que inclui tanto gentios como judeus salvos; Ef 2.12-20), e um povo que é possessão exclusiva de Deus (1 Pe 2.5, 9). Por sua graça, através da fé, entramos neste sacerdócio real, e temos acesso ao Santo dos Santos na presença de Deus (Hb 10.19, 20). Esta é a nossa posição agora. E, quando Ele vier, temos a promessa de que reinaremos com Ele (2 Tm 2.12). Não é portanto de se admirar quando ouvimos João a exclamar que o nosso Senhor merece a glória, a honra e o domínio para todo o sempre.".
  2. Ele é o que vem com as nuvens - "Eis que vem com as nuvens" (v. 7a) O senhor Jesus veio a essa Terra, pela primeira vez, em carne. Ele tabernaculou para ser semelhante aos homens mortais, com o intuito de efetuar a obra da redenção (Jo 1.14; Hb 2.14-18). Virá pela segunda vez, a fim de arrebatar a igreja (1 Ts 4.17) e, por último, aparecerá para libertar os judeus que fazem parte da promessa (Mc 13.27). O Senhor, depois de haver ressuscitado, apresentou-se vivo aos discípulos e, por fim, subiu ao céu, sendo ocultado por uma nuvem. De acordo com os anjos  que apareceram ali naquela ocasião, Jesus virá da mesma forma como foi assunto aos céus (At 1.9-11). Portanto, este texto faz alusão à mais gloriosa promessa de Jesus à Sua igreja: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens" (1 Ts 4.16-17). "Esta esperança ainda acha-se firme em João apesar de estar aproximando-se do fim de sua longa vida. A vinda de Jesus, nas nuvens, será o cumprimento de Daniel 7.13, uma profecia que o próprio Cristo aplicou-se a si mesmo (Mt 26.64). No versículo 7, João olha para o futuro, e vislumbra-nos o que discorrerá com mais detalhes no capítulo 19. Com o pensamento no poder e no domínio de Cristo, o evangelista imediatamente manifesta a esperança da Igreja: ' "Ele vem com as nuvens" '. A maioria das pessoas a quem está escrevendo é gentia que, à semelhança dos crentes em Tessalônica, haviam se convertido dos ídolos para Deus, para servir Aquele que é vivo. Quando de seu retorno, 'todos' (nações, povos e tribos) lamentar-se-ão num terrível gemido por causa de sua presença. Contudo, este não é o desejo de Deus. A promessa feita a Abrão era de que este e a sua semente (Jesus) trouxessem a bênção sobre todas as famílias da terra. Mas devido à rejeição do mundo aos planos divinos, Jesus terá de retornar 'como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo' (2 Ts 1.7). É claro que a Igreja não estará mais na terra quando Cristo retornar trazendo este julgamento. Nós já estaremos com Ele. São os que não foram arrebatados, por ocasião do rapto, e que hão de se lamentar sobre Ele. Nos dias atuais, temos o privilégio de obter a salvação e receber o Espírito Santo. Entretanto, quando Jesus já houver retornado, triunfando sobre os exércitos do Anticristo, só restará aos descrentes ao batismo do fogo do julgamento. João aqui adiciona 'sim, certamente'. Com esta dupla afirmativa, não deseja necessariamente que o julgamento venha sobre o mundo, mas confirma a verdade da profecia. A vitória e o reino pertencem verdadeiramente ao Senhor.".
  3. Ele é o Todo-Poderoso - "Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso" (v. 8). Em Gênesis, Deus é o princípio de todas as coisas, mas em Apocalipse Ele é a consumação de tudo. É interessante notar a relação do versículo 8 acima com o versículo 22 do capítulo 13. No primeiro, Deus Pai declara ser o Alfa e o Ômega, já no último, quem reivindica estes títulos é o Senhor Jesus. Desta forma a deidade de Cristo é revelada, pois Ele é Deus. Nesse caso, podemos afirmar que o Nome "Jeová", que aparece no verso 8, está sendo atribuído também ao Filho. Aliás, esta verdade é confirmada por outros textos bíblicos como, por exemplo, Isaías 6.1-9, onde o profeta afirma ter visto a glória de Jeová; mas, comparado com João 12.37-41, vemos que ele viu foi a glória de Cristo. Aleluia!

III - Conclusão

          Vimos que os destinatários de Apocalipse são os servos do Senhor Jesus. Eles são os que leem, ouvem e praticam a Sua Palavra. As mensagens registradas nos 22 capítulos do livro revelam um Cristo que domina pelos séculos dos séculos, que vem arrebatar a igreja e que é Todo-Poderoso. Devemos estar entre os especificados nessa lição, para poder esperar com alegria a vinda daquele "que é, que era e que há de vir". Tome a posição de servo e obedeça à Palavra de Jesus, para ser bem-aventurado.

27 fevereiro 2015

- Avivamento espiritual por meio da dedicação à Palavra de Deus (Esdras 9.5-15)

A oração de Esdras

Esdras foi um grande doutor da lei ("escriba") "e sacerdote que conduziu os cativos que haviam voltado do cativeiro a Jerusalém para uma nova aliança com Deus. Descendente de Arão, através de Eleazar, Esdras havia recebido instrução na lei durante o cativeiro da Babilônia com outros  cidadãos da nação de Judá. Esdras ganhou favor durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, que o comissionou para retornar a Jerusalém por volta de 458 antes de Cristo (a.C) a fim de organizar o povo da nova comunidade. Artaxerxes até mesmo deu a Esdras uma carta real (Ed. 7.11-16), garantindo-lhe autoridade civil e religiosa, além de recursos financeiros, para mobiliar o templo, o qual havia sido reedificado pelos que haviam retornado do cativeiro.
Imagem meramente ilustrativa
extraída da internet

Ao chegar em Jerusalém, Esdras descobriu que muitos dos hebreus havia se casado com mulheres estrangeiras das nações vizinhas (Ed 9.1, 2). Depois de um período de jejum e oração (Ed 10.3, 15), ele insistiu que esses homens se divorciassem de suas esposas (Ed 10.1, 17). Temia que o casamento misto com pagãos conduzisse o povo à adoração de deuses pagãos na comunidade restaurada de Judá.

Neste estudo, além de vermos o porquê de tantas orações não alcançarem seus efeitos, veremos também a importância de se conhecer os propósitos de Deus e, qual deve ser nossa atitude ao intercedermos por alguém. Para isso, analisaremos a oração do Sacerdote Esdras, feita em um período de restauração do remanescente de Israel, onde buscava conduzir o povo a um avivamento espiritual, por meio da dedicação à Palavra de Deus e o consequente arrependimento da infidelidade".

Um dos motivos pelos quais muitas orações não têm alcançado o seu objetivo é justamente a falta de proximidade com a realidade em que vivemos. Em virtude disto, analisaremos o que Esdras nos ensina acerca deste assunto, no momento em que, absorvido pela necessidade do povo, relembrou o cativeiro:

I - O cativeiro

A história começa no Primeiro Livro das Crônicas que conta novamente os acontecimentos já registrados nos livros de Samuel e Reis, mas de um ponto de vista diferente. A história dos reis israelitas, como aparece nos livros das Crônicas, tem dois propósitos principais:
a - Mostrar que, embora tivessem caído desgraças sobre os reinos de Israel e de Judá, Deus mantinha as promessas que havia feito à nação e continuava a realizar o seu plano para o seu povo através das pessoas que moravam em Judá. Como base para esta afirmação, o escritor conta as conquistas de Davi e Salomão, as reformas de Josafá, Ezequias e Josias e fala do povo que continuou fiel a Deus; e

b - Descreve o início da adoração a Deus no Templo de Jerusalém e especialmente a organização do trabalho dos sacerdotes e dos levitas, que eram os encarregados do culto. Davi é apresentado como aquele que planejou o Templo e o culto embora tivesse sido Salomão quem veio a construir o Templo.

Anos depois, já no Segundo Livro das Crônicas, que é a continuação do primeiro, começa com a narração dos acontecimentos do reinado de Salomão em Israel e Judá. Depois da morte do rei Salomão, a nação se dividiu em dois reinos, o do Norte e o do Sul (Cap. 10 2Cr). Daí em diante, conta-se a história de Judá, o reino do Sul, até a queda de Jerusalém no ano 586 antes de Cristo, quando os judeus foram levados como prisioneiros para a Babilônia. O livro termina falando do decreto de Ciro, rei da Pérsia, que deixou que os judeus voltassem para Jerusalém e reconstruíssem o Templo. Analisemos a oração de Esdras:

1. "E disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus, porque as nossas iniquidade se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus" (v.6).

Quando Esdras trás à tona os motivos que levaram a nação ao cativeiro (v. 7; Dt 28.15; Ne 9.30), aproxima-se ainda mais das necessidades dos judeus e da realidade em que estavam vivendo. É fato que, quando nos aproximamos da situação em que o povo se encontra, maior é o efeito de nossas orações. Aqueles que só pensam em si próprios, não se importando com que os outros precisam, jamais efetuarão uma oração como esta. Se quisermos que nossas súplicas alcancem um efeito maior, devemos nos situar melhor dentro da realidade que vivemos.

2. "... fomos entregues, nós, os nossos reis e os nossos sacerdotes, nas mãos dos reis de outras terras, e sujeitos à espada, ao cativeiro, ao roubo e à ignomínia, como hoje se vê" (v. 7b).

Analisando esse versículo mencionado nas palavras de Esdras, vemos que, mais uma vez, ele se aproxima para a realidade do povo quanto ao seu sofrimento. É triste vermos aqueles que, por amarem o mundo (1Jo 2.15-17), afastam-se de Deus, esquecendo-se de seu passado. Porém, como não nos cabe julgá-los, e sim, orar por eles, devemos estar atentos, mais uma vez, para com o que este texto nos tem ensinado, pois quando nossas orações estão próximas da realidade do povo, maior será o seu poder de alcance.

II - Proclamou a Graça de Deus

No momento em que oramos, um dos pontos primordiais para estarmos dentro da vontade de Deus é conhecermos o seu propósito. Neste item, veremos como Esdras utilizou-se desta verdade, no momento em que proclamou a graça de Deus:

1. Reconhecendo Sua intervenção na vida física do povo: "Agora por breve momento se nos manifestou a graça da parte do Senhor nosso Deus, para nos deixar que alguns escapem..." (v. 8a).

Mesmo após o que ocorrera com Israel devido às suas iniquidades, Esdras reconheceu que o Senhor os castigara menos do que mereciam (v. 13). Porém, ciente da preocupação de Deus para com a vida física do Seu povo, ele proclamou esta graça da seguinte forma: "Estendeu sobre nós a sua misericórdia e achamos favor perante os reis da Pérsia... para que nos desse um muro de segurança..." (v 9b). Essas palavras, além de engrandecer a Deus devido à Sua misericórdia, serviram de estímulo para conscientização do povo. Portanto, se quisermos que nossas orações cheguem ao trono da graça prossigamos em conhecer a Deus e o que Ele tem feito por nós.

2. Reconhecendo Sua intervenção na vida espiritual do povo (v. 8b)

Para que tenhamos progresso em nossa vida espiritual, o passo mais importante é conhecermos a Deus (Cl 1.10; 2Pe 1.2; 3.18). Convicto disso, Esdras creu que Deus proporcionaria meios para que tal passo fosse alcançado pelo seu povo. Os quais eram:

a) Um lugar para que eles pudessem receber esse conhecimento: "... e para dar-nos uma estabilidade nos seu santo lugar"; e

b) Um entendimento divino para com as coisas espirituais: "para nos alumiar os olhos". 

Esdras sabia que Deus não havia libertado Israel simplesmente por libertar, ele orou crendo que já era o desejo de Deus o bem-estar do Seu povo "... e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão". Se desejarmos agir assim, prossigamos em conhecer os propósitos divinos, para que posteriormente sejamos fonte de ligação entre Deus e os seu povo.

III - Intercedeu pelo povo

Um dos motivos para que obtivéssemos hoje Cristo como nosso supremo intercessor (Hb 4.14; 5.5-10), foi o fato Dele ter se identificado conosco, tomando sobre si os nossos pecados (2Co 5.21; Is 53.5). É evidente que seria impossível igualarmos Esdras a Cristo. Porém, o nosso propósito é mostrar como em sua oração, ele identificou-se com o Senhor no momento em que intercedeu pelo povo:

1. Associando-se ao erro. Embora Esdras não tenha se envolvido com os pecados que o dexaram confuso e envergonhado diante de Deus, ao usar as palavras "nossas iniquidades" (v. 6) e "deixamos os teus mandamentos" (v. 10).

Ele associou-se ao erro do povo, dando prova de que estava unido com eles no mesmo propósito de restauração. Atitudes como essas impedem toda forma de prepotência nas palavras daquele que ora (Lc 18.10-14).

Cristo nos tem ensinado que devemos nos preocupar primeiro com os nossos erros, antes de nos preocuparmos como os de nossos irmãos (Mt 7.3-5). Façamos como os sumo sacerdotes que, antes de oferecerem sacrifício pelos pecados do povo, ofereciam pelos seus próprios (Lv 9.7; 16.6, 11-15).

2. Apresentando o erro

Os versículos 1 e 2 deste mesmo capítulo nos mostram, de forma mais detalhada, qual foi o pecado cometido pelo povo, que levou Esdras a interceder por eles. Ao vermos fazer menção da Palavra de Deus (vv. 11, 12; Êx 23.32.33; Dt 7.3,4), entendemos que ele estava realmente convicto do delito do povo.

É triste vermos pessoas fazerem chacota com aqueles que fraquejaram na fé, quando na verdade deveriam orar por eles. São pessoas que vivem a criticar, não ajudam os soldados feridos e são as primeiras a se afastarem ao vê-los no chão.

De que adianta dizermos que somos amigos, companheiros e parentes daqueles que não nos incomodam e sermos os primeiros a estar longe quando eles precisam de nós? (Sl 38.11).

Conclusão

A súplica de Esdras é um exemplo típico de uma oração sacerdotal e está carregada de lições para o povo de Deus. Nós, que também fomos estabelecidos como sacerdotes diante do Senhor (1Pe 2.5,9), devemos colocar em prática tais ensinamentos, a fim de permanecermos no centro da Sua vontade e, para que possamos ver as nossas orações alcançando o efeito e a importância desejadas.

13 fevereiro 2015

- Examinando o conteúdo da oração do sábio (2 Crônicas 6.12-31)

A oração de Salomão
Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor,
na presença de toda a congregação de Israel,
 e estendeu as mãos.

Introdução

Sendo justo e santo em todo o seu procedimento, Deus não aceita estabelecer aliança com quem vive no pecado. Desta forma, faz-se necessário preencher certos requisitos, antes de se firmar um concerto com o Ele. 

A oração foi realizada por ocasião da inauguração do templo em Jerusalém. Trata-se de uma súplica que impressiona dada a profundidade com a qual o sábio faz as suas colocações. Ele reivindicou as promessas de Deus feitas a Davi, seu pai, reiterando a fidelidade divina. Apoiado na palavra de Deus, Salomão renovou a aliança com o Senhor, mostrando o seu compromisso em viver segundo a Lei mosaica. Este estudo tem como objetivo examinar o conteúdo da oração do sábio Salomão, como veremos a seguir:

I - Primeiro requisito: Atitudes corretas na oração

1. Consagrar-se ao Senhor:

"Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor" (v. 12).
A atitude de Salomão define bem a intenção do seu coração. Ele queria de fato aproximar-se do seu Deus com sinceridade e receber Dele a garantia de novas perspectivas para o seu futuro e o da nação israelita (2Cr 6.40-42).

O altar sempre foi o lugar onde os sacerdotes ofereciam sacrifícios a Deus (Lv 9.7-24; 1Rs 18.30-38). A atitude de Salomão, ao colocar-se diante do altar, demonstrou um ato de consagração. Portanto, nosso primeiro requisito é CONSAGRAR-SE A DEUS.

2. Segundo requisito: Humildade
"Ajoelhou-se em presença de toda a congregação de Israel" (v. 13).
 Salomão era o rei de Israel. O maior, o mais rico e o mais importante de todas as nações. Mas, ao aproximar-se do Senhor, reconheceu-o como seu superior, mais rico e mais importante que ele. Não se envergonhou de ajoelhar-se na presença dos seus súditos. É uma atitude humilde, digna de louvor. Deus atende aos humildes (Jó 22.29; Sl 138.6; Tg 4.5-7). Portanto, isso é tudo o que o Senhor pede de nós (Mq 6.8) 
"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" (Pv 16.18).
 3. Terceiro requisito: Compromisso
"Não há Deus como tu, nos céus e na terra, como tu que guardas a aliança e a misericórdia a teus servos que de todo o coração andam diante de ti" (v. 14).
Salomão sabia que era impossível conservar uma aliança se uma das partes deixasse de cumprir o acordo. Deus guarda a aliança e de maneira nenhuma deixa de cumprir a sua parte. "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou tendo falado, não o cumprirá?" (Nm 23.19). No entanto, algumas vezes, Deus deixa de cumprir aquelas promessas de caráter condicional, uma vez que estão atreladas a alguma contrapartida do cristão. É necessário manter o compromisso com Deus se quisermos respostas para as nossas orações.

4. Quarto requisito: Confirmar a fé na palavra de Deus (v. 15)

Salomão confiava plenamente na palavra de Deus. Ele sabia que o Senhor estava sempre velando no sentido de cumpri-la (Jr 1.12). Quando oramos pedindo algo que Deus nos prometeu, depois de já termos preenchido todas as condições exigidas por Ele, mas duvidamos em nosso coração, demonstramos com isso que não confiamos na Sua palavra e, de certa forma, o fazemos mentiroso (1Jo 5.10). Ao orarmos, devemos nos lembrar do que disse o Senhor Jesus: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35).

II - Os motivos da oração de Salomão

Toda oração tem os seus motivos. São situações como: desespero, angústia, necessidade ou um simples gestos de gratidão. Salomão apresenta alguns destes motivos pelos quais os israelitas orariam no templo, ou voltados para ele, de onde estivessem. O pedido do sábio a Deus: "ouve tu dos céus" (v. 27a). Vejamos:

1. Queda
"Quando o teu povo Israel, por ter pecado contra ti, for ferido diante do inimigo" (v. 24).
Aqui o sábio revela o viés sacerdotal da sua oração. Ele implora a Deus pelo perdão de um eventual pecado futuro do povo, intercedendo também pelo consequente livramento. Note que é a desobediência à palavra de Deus que abre brecha para o ataque sorrateiro do inimigo. O diabo não pode possuir o crente, mas pode persegui-lo, feri-lo e até levá-lo a morte, se ele viver pecando (Jo 10.10). A vitória do cristão passa necessariamente pela obediência à Palavra.
"Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já venceste o maligno" (1Jo 2.14b).
2. Aflição
"Quando os céus se cerrarem, e não houver chuva, por ter o povo pecado contra ti, e ele orar neste lugar, e confessar o teu nome, e se converter dos seus pecados, havendo-o tu afligido,..." (v. 26).
 Salomão reconhece que qualquer aflição que se abatesse sobre Israel teria a sua origem no Senhor, e seria em virtude da iniquidade do povo. Deus não é vingativo e nem tão pouco, castiga os seus sem ter uma finalidade. O que Ele faz, na verdade, é uma correção com o objetivo de disciplinar (Hb 12.4-13). Sabemos que nem toda aflição tem como pano de fundo o pecado, e Jó é um exemplo clássico disso. Todavia, se estivermos sendo afligidos por causa de comportamentos contrários à Bíblia, precisamos nos voltar para Deus em oração, com o coração verdadeiramente arrependido (Sl 119.67; Lm 3.29-33).

3. Angústia

É uma depressão física seguido de uma opressão. A angústia trás fraqueza espiritual, desânimo, mal humor, insatisfação, e até suicídio. Em Provérbios 24.10 diz: "Se enfraqueces no dia da angústia, a tua força é pequena".
"Quando houver fome na terra ou peste, quando houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos e larvas, quando o seu inimigo o cercar em qualquer das suas cidades ou houver alguma praga ou doença,..." (v.28).
Fome ... gafanhotos. As fomes e pragas de vários tipos são frequentemente listado como maldições da aliança (Levítico 26:16, 20, 25, 26; Deut. 28:20-22, 27, 28, 35, 42). Leia mais em: Bíblia Comentada por Versículo.

As enfermidades, as pragas (v. 28b) na lavoura ou no mantimento estocado na despensa, nem sempre têm como causa direta o pecado. Mas, certamente, todas essas coisas são consequências dele. No caso específico apresentado por Salomão, as pragas e as doenças seriam resultantes da iniquidade do povo. Assim, os israelitas deveriam orar a Deus no templo, ou voltado para ele, implorando pela benevolência divina: "Ouve tu dos céus, lugar da tua habitação, perdoa, e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração dos filhos dos homens" (v. 30). 

4. Incapacidade
"... toda oração e súplica, que qualquer homem ou todo o teu povo de Israel fizer, conhecendo cada um a sua própria chaga e a sua dor, e estendendo as mãos para o rumo desta casa,..." (v. 29).
Este, talvez, seja o principal motivo para nos chegarmos a Deus: o reconhecimento de que somos pobres e necessitados (Sl 40.17). Muitos dos males citados anteriormente neste estudo poderiam não recair sobre a nação como um todo, mas, sobre alguém em particular. Nesta situação, este indivíduo, reconhecendo a sua chaga e a sua dor, e sabendo ser incapaz de suplantar tamanha dificuldade, oraria a Deus, confiando na Sua resposta. Quando nos achegarmos a Deus totalmente rendidos a Ele, fiados tão somente na Sua misericórdia e poder, estarmos muito próximos de receber aquilo pelo qual tanto ansiamos.

III - Conclusão

A oração de Salomão tem muito a nos ensinar. Certamente temos que mudar os nossos conceitos, e entender que a nossa conversa com Deus não pode ser resumida numa relação interminável de pedidos pessoais. Ela é, acima de tudo, uma demonstração de compromisso com o Senhor. É exatamente por isso que devemos orar com as atitudes corretas e com os motivos verdadeiros. Na oração, nós podemos tanto honrar a Deus, glorificando o Seu nome quanto mentir a Ele, tentando enganá-lo com os discursos elaborados. A verdadeira súplica não é aquela que diz o que Deus quer ouvir, mas aquela que desnuda a alma diante Dele.

28 janeiro 2015

- Restaurando o altar (1 Reis 18.30-39)

A oração do Profeta Elias

Os profetas eram pessoas que falavam por Deus e que comunicava corajosamente a mensagem de Deus para seu povo escolhido - a nação de Israel.

Elias foi um dos mais proeminentes profetas do Antigo Testamento. Seu ministério ficou marcado por duas características distintivas:

  1. Por fazer descer fogo do céu; e
  2. Por sua predisposição para a oração.

Dentre as várias orações do profeta Elias, vamos nos concentrar naquela feita no monte Carmelo, quando ele enfrentou os profetas de Baal, prevalecendo sobre eles, levando o povo ao reconhecimento de que só o Senhor é Deus.

Neste estudo veremos quais foram as atitudes e os resultados obtidos através da oração do profeta Elias.

I - As atitudes na oração do profeta

As atitudes corretas na oração podem ser determinantes para que se tenha uma resposta positiva. Não devemos nos aproximar de Deus de qualquer maneira.

A oração mais significativa é a que brota de um coração cuja confiança está depositada no Deus que agiu e falou através do Jesus histórico e dos ensinamentos da Bíblia. Deus fala conosco através da Bíblia, e nós respondemos com uma oração cheia de confiança e fé. Com base na afirmação bíblica de que Deus é pessoal, vivo, conhecedor de todas as coisas, infinitamente sábio e Todo-Poderoso, cremos que pode nos ouvir e nos ajudar. Uma vida devocional vitoriosa tem como pedra angular a obra e as palavras de Cristo, registradas na Bíblia através dos profetas e apóstolos.

1 - Primeira atitude

- Edificou o altar

"Então Elias disse ao povo: chegai-vos a mim. E o povo se chegou a ele; e restaurou o altar do Senhor, que estava quebrado" (v. 30).
Restaurar o altar foi a primeira atitude de Elias, antes de entrar de fato na oração. O altar em ruínas denunciava a condição espiritual da nação, uma vez que demonstrava o quanto o povo estava distante da adoração a Deus. 

O primeiro altar mencionado na Bíblia foi construído por Noé, depois do dilúvio (Gn 8.20).

O termo hebraico traduzido por altar significa "lugar de matança ou sacrifício". Entretanto, os altares veterotestamentários não serviam apenas para o sacrifício de animais. Josué 22.26-29 indica que eventualmente se erigiam altares para que os israelitas se lembrassem de sua herança ou para destacar um fato importante. Às vezes, o altar era usado como lugar de refúgio (1Rs 1.50, 51; 2.8).

Durante os dias de Moisés, dois altares sacerdotais tiveram participação importante no ritual do Tabernáculo no deserto. Esses eram o altar do holocausto e o altar de incenso.

No tabernáculo, o altar era o primeiro objeto a ser visto, o local do sacrifício, ao qual o pecador precisava transpor caso quisesse pôr-se ao alcance de Deus. Ninguém chegava ao Santo dos Santos sem passar por ele. Da mesma maneira, antes de orar, devemos restaurar o nosso altar, ou seja, confessar os nossos pecados, reconciliar com o nosso irmão, pois somos templo do Espírito Santo de Deus (1Co 6.19).

2 - Segunda Atitude

- Aproximou-se de Deus
"...Elias se aproximou e disse: Ó Senhor Deus... manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo..." (v. 36).

O profeta Elias foi uma grande demonstração de humildade. Embora estivesse revestido de toda a autoridade profética, fazendo uma obra que o tornaria famoso em toda aquela região, não se furtou à responsabilidade de deixar claro que aquela obra procedia de Deus e que ele era tão somente um servo. Agir como servo implica em orar de acordo com a vontade do Pai, esperando com paciência o Seu agir, sabendo que Ele, como Senhor pode nos responder segundo a Sua vontade (Sl 40.1). Quantos não têm encontrado respostas para as suas orações por não conseguirem assumir esta imprescindível posição, o de servo.

3 - Terceira atitude

- Fé
"Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que tu és o Senhor Deus..." (v.37).

Elias orou com uma fé inabalável no verdadeiro Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Israel. O conhecimento que ele tinha do Senhor fez com que tivesse plena certeza da vitória naquele embate, mesmo com a quantidade de profetas de Baal. Elias é um exemplo de como devemos orar, de como devemos buscar ao Senhor. Os profetas de Baal dirigiram-se com muita convicção a um "deus" mudo, cego e paralítico. Nós, por muitas vezes, fazemos o movimento oposto: oramos sem convicção ao Deus Eterno. De todos os requisitos para a resposta de Deus às nossas orações, a fé assume a primazia. "E Jesus disse-lhe: se tu podes crer, tudo é possível ao que crê" (Mc 9.23).

II - Resultados da oração

A palavra de Deus nos fala que se lhe pedirmos alguma coisa, crendo de todo o nosso coração, Ele nos concederá segundo a Sua vontade (Mc 11.24). Elias sabia qual era a vontade do Senhor, por isso pediu com confiança, e creu na resposta. Veremos a seguir os resultados da oração de Elias:

1. A resposta de Deus

"Então caiu fogo do senhor e consumiu o holocausto, e a lenha, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego" (v. 38).

A oração foi breve, mas eficaz. A forma poderosa e sobrenatural como Deus a respondeu não deixou qualquer margem para dúvida. Todos os presentes ficaram profundamente tocados com a demonstração do poder de Deus; e não poderia ser diferente! Quando oramos a Deus, segundo a Sua vontade, as pessoas ao nosso redor também são influenciadas. O fogo era uma das formas de Deus manifestar-se ao seu povo. Devemos estar com o nosso altar sempre aceso com esse fogo. Que a chama do Senhor não se apague do nosso coração, como está escrito: "O fogo arderá continuamente sobre o altar, não se apagará" (Lv 6.13).

2. O nome do Senhor foi glorificado

"O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra, e disse: O Senhor é Deus! o Senhor é Deus" (v. 39).

O impacto da resposta divina reacendeu, ainda que temporariamente, a chama da adoração, sufocada por décadas de idolatria. Devemos sempre nos lembrar de que somos instrumentos nas mãos do Senhor e que toda a gloria deve ser dada a Ele. Assim como Elias, devemos também agir como servos humildes, principalmente quando sabemos que não somos nada sem Deus. A Bíblia diz que os que se humilham serão exaltados (Mt 23.12), e a resposta de Deus à oração do profeta fez com que ele fosse exaltado em meio àquela multidão.
"Tua, Senhor, é a grandeza, o poder, a honra, a vitória e a majestade, porque teu é tudo quanto há nos céus, e na terra, teu, Senhor, é o reino e Tu te exaltaste por chefe sobre todos"  (1Cr 29.11).
Concluímos dizendo que as Escrituras revelam que "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto" (Tg 5.17). O fato de ter todas as suas orações respondidas nos mostra o quanto Elias sabia como buscar a Deus e quanto conhecia a Sua vontade. O exemplo deste profeta desafia-nos a trilhar o mesmo caminho. Afinal, trata-se de uma disciplina indispensável para a alma. E, se em última análise percebermos que a oração não mudou as circunstâncias, ela terá cumprido o seu importante pepel de mudar a nossa disposição espiritual. 

21 janeiro 2015

- Igreja, combata as falsas mensagens (Ezequiel 13.1-23)

Falsas mensagens: sua origens, características, efeitos e as ações da igreja diante deles.
 A história da igreja se confunde em muito com a de Israel, visto que o povo hebreu sempre esteve envolvido com falsos atalaias que, em nome de Deus, ludibriavam a nação por conta de interesses escusos. Foi assim nos dias de Moisés (Dt. 13.1-5), de Neemias, de Jeremias, etc. Hoje não é diferente. Jesus alertou dizendo:

"porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos" (Mt 24.24).
Do exposto, é oportuno identificar "a origem, as características, os efeitos nocivos e as ações da igreja", frente às falsas mensagens.
 
I - Origem

     Donde procedem as falsas mensagens? Elas provêm de duas fontes: o homem e o diabo. No texto em questão, são atribuídas ao primeiro as heresias pregadas nos tempos de Ezequiel. Obreiros fraudulentos extraíram do próprio coração e de uma visão distorcida mensagens perniciosas que levaram os israelitas ao erro.
     As falsas mensagens procedem do coração do homem: "... E dize aos que só profetizam o que vê o seu coração" (v. 2) - Deus admoestou os mensageiros de Israel a que ouvissem a sua palavra. Isso demanda estudo, oração, meditação, etc. Tais disciplinas são fáceis de serem praticadas. Buscar um atalho é uma tentação quase que irresistível. Viver de ilusões é menos trabalhoso do que investir tempo para conhecer os desígnios de Deus. O Criador chama de loucura o fato de alguém seguir o próprio coração. A achologia é uma chaga maligna que precisa ser extirpada. Não importa o que sentimos, achamos ou pensamos, se tais coisas não refletem a vontade de Deus. É perigoso seguir a própria intuição, baseado em projeções, lógicas, adivinhações, falsas interpretações ou coisas afins. A Bíblia diz: " Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr 17.9).
     As falsas mensagens são frutos de uma visão distorcida: "Tiveram visões falsas e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor os não enviou; e esperam o cumprimento da palavra" (v. 6) - Visão distorcida é aquela em que alguém vê uma imagem de forma embaçada, sem clareza. Essa era a visão do cego que via os homens como árvores, mas Jesus, ao curá-lo, corrigiu a vista dele (Mc 8.24-25). No tempo de Ezequiel, os falsos atalaias viam vaidade e adivinhação mentirosa. Necessitavam do colírio do céu para verem com perfeição (Ap 3.18). "Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas". O mesmo ocorreu nos dias de Jeremias, ocasião em que os profetas da época tinham falsas visões, fruto do engano (Jr 14.14) "Disse-me o SENHOR: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam", uma vez que a palavra de Deus não estava com eles (Jr 5.13). Eles diziam: "sonhei, sonhei" (Jr 23.25), mas tudo não passava de equívocos, pois furtavam as palavras do Senhor como se fossem suas próprias palavras (Ap 22.18) "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro;...". 

II - Características

    A Bíblia nos admoesta a não darmos crédito a todo espírito, mas prová-los (1 Jo 4.1). A fim de atestarmos a falsidade do que eles ensinam e considerando que é pelo fruto que se conhece a árvore, verifiquemos alguns traços característicos que denunciam os falsos atalaias:
  1.  Eles mentem em nome de Deus: "Não tivestes visões falsas e não falastes adivinhação mentirosa, quando disseste: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei?" (v. 7) - Os falsos profetas tem uma aparência de piedade, mas negam a eficácia dela (2 Tm 3.5) "tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.". O fruto do Espírito (Gl 5.22) não lhes é próprio, sendo seu caráter profano. Não professam devoção sincera e não se importam com o rebanho (At 20.28-30). Suas motivações são egocêntricas, não honram a Cristo, querem o aplauso dos homens, desejando apenas a glória pessoal (Jo 5.44). O que os movem são o status e o dinheiro e não a santificação da igreja (2 Pe 2.3). Seus ensinos não se baseiam na bíblia, visto que não creem na inspiração, veracidade e canonicidade da mesma. A hipocrisia essência da mentira é o que os impulsionam. 
  2. Eles veem o povo como fonte de lucro: "Vós me profanastes entre o meu povo, por punhados de cevada e por pedaços de pão, para matardes as almas que não haviam de morrer e para preservardes com vida as almas que não haviam de viver, mentindo, assim, ao meu povo, que escuta mentiras." (v. 19) - Os falsos mensageiros são materialistas e gananciosos. O deus deles é o ventre (Rm 16.18). Julgar suas condutas pelo uso que fazem do dinheiro certamente nos dará um norte, permitindo-nos distingui-los. Aqueles que administram as igrejas com integridade, sem torpe ganância, e que as servem com espírito voluntário, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança (1Tm 3.1-13). O dom do Espírito (discernimento) revelará os vendilhões do templo cujos interesses não são as ovelhas, mas a lã destas. Paulo falou sobre homens corruptos e entendimento e privados da verdade, que cuidam que a piedade seja causa de ganho, e acrescentou: Aparta-te dos tais (1Tm 6.5). Depois, admoestou: "Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade (As palavras piedade, piedoso(a) e piedosamente são encontradas mais de 40 vezes no Novo Testamento (RA2), e freqüentemente são mal-entendidas. A nossa palavra "piedade" vem do Latim, e tem dois sentidos: "1. Amor e respeito às coisas religiosas; religiosidade; devoção. 2. Pena dos males alheios; compaixão, dó, comiseração" (Novo Dicionário Aurélio, 2ª ed.). Na linguagem popular, e muitas vezes no Antigo Testamento, a palavra tem o segundo sentido e traz a idéia de compaixão. Mas, no Novo Testamento, o sentido normalmente é o primeiro, ou seja, devoção a Deus ou respeito às coisas religiosas.

    Quando você encontra a palavra "piedade" ou "piedoso" na leitura do Novo Testamento, pense primeiro no sentido de devoção a Deus (temente a Deus) ou às coisas religiosas, e na santidade. Na maioria dos casos, essas definições vão comunicar melhor o sentido do original. Vamos ver alguns exemplos:

    1 Timóteo 2:10 fala sobre "mulheres que professam ser piedosas". A palavra grega aqui é theosebeia, que obviamente inclui Deus (theos) como o objeto da devoção. João 9:31 usa uma forma da mesma palavra, onde é traduzido "teme a Deus".

    Outras palavras gregas são traduzidas como piedade, piedoso e piedosamente, especialmente a palavra eusebeia e outras da mesma família. O sentido principal destas palavras é louvor, reverência ou devoção.), a fé, o amor, a paciência, a mansidão" (1Tm 6.11).
III - Os efeitos
     
     O apóstolo Paulo disse que um pouco de fermento leveda toda a massa (Gl 5.9).  Essa figura de linguagem refere-se à doutrina (ou ensino) dos fariseus e saduceus (Mt 16.11-12). Vejamos os males causados por este fermento:
  1.   Produzem uma falsa sensação de segurança. "...Andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz" (v. 10) - Falsa sensação de segurança é depositar confiança em uma promessa como sendo de Deus quando, na verdade, não é. Imagine acreditar em uma profecia esperando o seu cumprimento anos e anos sem sucesso. Isso gera descrença, frustrações e tragédias. O pior é que, em vez de culpar o falso atalaia, as pessoas murmuram contra Deus, julgando-o mentiroso. Os profetas dos tempos de Ezequiel, além de verem vaidade e adivinhação mentirosa, faziam com que o povo esperasse o cumprimento da palavra (v. 6). Não vemos fatos semelhantes em nossos dias?
  2. Impedem a conversão do pecador. "E esforçastes as mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu mau caminho e vivesse" (V. 22) - Os falsos mensageiros, por um punhado de cevada e por pedaços de pão (v. 19), entregaram "recados" de Deus para as pessoas, introduzindo nos ouvintes, um entorpecimento, ou seja, hipnose, de modo que não conseguiam perceber seu verdadeiro estado espiritual. O resultado é que estas eram impedidas de se converterem pelo fato de acharem que suas vidas estavam a mil maravilhas. Os falsos atalaias não apenas mentiam em nome de Deus, como estimulavam seus ouvintes a permanecerem em seu mau caminho.

 IV - As ações da Igreja diante dos falsos mensageiros

     A igreja, como coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.15), não pode fechar os olhos para os atos delituosos dos hereges. Vejamos, quais devem ser as posturas das igrejas frente aos falsos obreiros:
  1. Deve denunciar os falsos mensageiros. "E rasgarei os vossos véus e livrarei o meu povo das vossas mãos" (v. 21) - Paulo denunciou vários obreiros apóstatas. Ele revelou o caráter profano de Demas (Demas era amigo e cooperador do apóstolo Paulo em Roma. Mais tarde, tendo amado o presente século, o abandonou) que o desamparou, amando o presente século (2 Tm 4.10). Expôs a Alexandre que lhe causou muitos males (2 Tm 4.14).
  2. A liderança não deve tolerar a presença deles. Nem mesmo suas ações, principalmente, de  ministros que desviam o povo da verdade. Jesus repreendeu o pastor da igreja de Tiatira por tolerar Jezabel, que ensinava e enganava os irmãos, levando-os à prostituição e idolatria (Ap 2.20). Quando Deus diz que vai rasgar o véu dos falsos profetas (v. 21), Ele está falando de exposição pública.
Deve extirpar de seu meio. "Na congregação do meu povo, não estarão, nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel " (v. 9) - Deus excluiu da assembleia dos santos os falsos obreiros. Isso demonstra que Ele não coaduna com a presença destes no meio de seu povo. Não estamos falando da exclusão de uma ovelha desgarrada, de um pecador penitente, mas de embusteiros (falso, enganador, mentiroso). Tolerar vigaristas que se dizem santos e piedosos é comprometer os alicerces da verdade. Hereges (pessoas que praticam doutrinas religiosa contrária à verdade) como esses não podem subsistir na congregação dos justos (Sl 1.5). 

Enfim, concluímos que o aferidor que mede a autenticidade do ministério de um obreiro não é a sua pregação eloquente, sua aparência piedosa ou manifestações prodigiosas de milagres e conversões (Mt 7.21-23). Hoje, à medida que se aproxima o arrebatamento da igreja, esses juízos de valores tornam-se obsoletos (que não se usa mais). A inerrante palavra de Deus é o único padrão confiável.

Deus os abençoe.