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13 fevereiro 2015

- Examinando o conteúdo da oração do sábio (2 Crônicas 6.12-31)

A oração de Salomão
Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor,
na presença de toda a congregação de Israel,
 e estendeu as mãos.

Introdução

Sendo justo e santo em todo o seu procedimento, Deus não aceita estabelecer aliança com quem vive no pecado. Desta forma, faz-se necessário preencher certos requisitos, antes de se firmar um concerto com o Ele. 

A oração foi realizada por ocasião da inauguração do templo em Jerusalém. Trata-se de uma súplica que impressiona dada a profundidade com a qual o sábio faz as suas colocações. Ele reivindicou as promessas de Deus feitas a Davi, seu pai, reiterando a fidelidade divina. Apoiado na palavra de Deus, Salomão renovou a aliança com o Senhor, mostrando o seu compromisso em viver segundo a Lei mosaica. Este estudo tem como objetivo examinar o conteúdo da oração do sábio Salomão, como veremos a seguir:

I - Primeiro requisito: Atitudes corretas na oração

1. Consagrar-se ao Senhor:

"Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor" (v. 12).
A atitude de Salomão define bem a intenção do seu coração. Ele queria de fato aproximar-se do seu Deus com sinceridade e receber Dele a garantia de novas perspectivas para o seu futuro e o da nação israelita (2Cr 6.40-42).

O altar sempre foi o lugar onde os sacerdotes ofereciam sacrifícios a Deus (Lv 9.7-24; 1Rs 18.30-38). A atitude de Salomão, ao colocar-se diante do altar, demonstrou um ato de consagração. Portanto, nosso primeiro requisito é CONSAGRAR-SE A DEUS.

2. Segundo requisito: Humildade
"Ajoelhou-se em presença de toda a congregação de Israel" (v. 13).
 Salomão era o rei de Israel. O maior, o mais rico e o mais importante de todas as nações. Mas, ao aproximar-se do Senhor, reconheceu-o como seu superior, mais rico e mais importante que ele. Não se envergonhou de ajoelhar-se na presença dos seus súditos. É uma atitude humilde, digna de louvor. Deus atende aos humildes (Jó 22.29; Sl 138.6; Tg 4.5-7). Portanto, isso é tudo o que o Senhor pede de nós (Mq 6.8) 
"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" (Pv 16.18).
 3. Terceiro requisito: Compromisso
"Não há Deus como tu, nos céus e na terra, como tu que guardas a aliança e a misericórdia a teus servos que de todo o coração andam diante de ti" (v. 14).
Salomão sabia que era impossível conservar uma aliança se uma das partes deixasse de cumprir o acordo. Deus guarda a aliança e de maneira nenhuma deixa de cumprir a sua parte. "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou tendo falado, não o cumprirá?" (Nm 23.19). No entanto, algumas vezes, Deus deixa de cumprir aquelas promessas de caráter condicional, uma vez que estão atreladas a alguma contrapartida do cristão. É necessário manter o compromisso com Deus se quisermos respostas para as nossas orações.

4. Quarto requisito: Confirmar a fé na palavra de Deus (v. 15)

Salomão confiava plenamente na palavra de Deus. Ele sabia que o Senhor estava sempre velando no sentido de cumpri-la (Jr 1.12). Quando oramos pedindo algo que Deus nos prometeu, depois de já termos preenchido todas as condições exigidas por Ele, mas duvidamos em nosso coração, demonstramos com isso que não confiamos na Sua palavra e, de certa forma, o fazemos mentiroso (1Jo 5.10). Ao orarmos, devemos nos lembrar do que disse o Senhor Jesus: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35).

II - Os motivos da oração de Salomão

Toda oração tem os seus motivos. São situações como: desespero, angústia, necessidade ou um simples gestos de gratidão. Salomão apresenta alguns destes motivos pelos quais os israelitas orariam no templo, ou voltados para ele, de onde estivessem. O pedido do sábio a Deus: "ouve tu dos céus" (v. 27a). Vejamos:

1. Queda
"Quando o teu povo Israel, por ter pecado contra ti, for ferido diante do inimigo" (v. 24).
Aqui o sábio revela o viés sacerdotal da sua oração. Ele implora a Deus pelo perdão de um eventual pecado futuro do povo, intercedendo também pelo consequente livramento. Note que é a desobediência à palavra de Deus que abre brecha para o ataque sorrateiro do inimigo. O diabo não pode possuir o crente, mas pode persegui-lo, feri-lo e até levá-lo a morte, se ele viver pecando (Jo 10.10). A vitória do cristão passa necessariamente pela obediência à Palavra.
"Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já venceste o maligno" (1Jo 2.14b).
2. Aflição
"Quando os céus se cerrarem, e não houver chuva, por ter o povo pecado contra ti, e ele orar neste lugar, e confessar o teu nome, e se converter dos seus pecados, havendo-o tu afligido,..." (v. 26).
 Salomão reconhece que qualquer aflição que se abatesse sobre Israel teria a sua origem no Senhor, e seria em virtude da iniquidade do povo. Deus não é vingativo e nem tão pouco, castiga os seus sem ter uma finalidade. O que Ele faz, na verdade, é uma correção com o objetivo de disciplinar (Hb 12.4-13). Sabemos que nem toda aflição tem como pano de fundo o pecado, e Jó é um exemplo clássico disso. Todavia, se estivermos sendo afligidos por causa de comportamentos contrários à Bíblia, precisamos nos voltar para Deus em oração, com o coração verdadeiramente arrependido (Sl 119.67; Lm 3.29-33).

3. Angústia

É uma depressão física seguido de uma opressão. A angústia trás fraqueza espiritual, desânimo, mal humor, insatisfação, e até suicídio. Em Provérbios 24.10 diz: "Se enfraqueces no dia da angústia, a tua força é pequena".
"Quando houver fome na terra ou peste, quando houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos e larvas, quando o seu inimigo o cercar em qualquer das suas cidades ou houver alguma praga ou doença,..." (v.28).
Fome ... gafanhotos. As fomes e pragas de vários tipos são frequentemente listado como maldições da aliança (Levítico 26:16, 20, 25, 26; Deut. 28:20-22, 27, 28, 35, 42). Leia mais em: Bíblia Comentada por Versículo.

As enfermidades, as pragas (v. 28b) na lavoura ou no mantimento estocado na despensa, nem sempre têm como causa direta o pecado. Mas, certamente, todas essas coisas são consequências dele. No caso específico apresentado por Salomão, as pragas e as doenças seriam resultantes da iniquidade do povo. Assim, os israelitas deveriam orar a Deus no templo, ou voltado para ele, implorando pela benevolência divina: "Ouve tu dos céus, lugar da tua habitação, perdoa, e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração dos filhos dos homens" (v. 30). 

4. Incapacidade
"... toda oração e súplica, que qualquer homem ou todo o teu povo de Israel fizer, conhecendo cada um a sua própria chaga e a sua dor, e estendendo as mãos para o rumo desta casa,..." (v. 29).
Este, talvez, seja o principal motivo para nos chegarmos a Deus: o reconhecimento de que somos pobres e necessitados (Sl 40.17). Muitos dos males citados anteriormente neste estudo poderiam não recair sobre a nação como um todo, mas, sobre alguém em particular. Nesta situação, este indivíduo, reconhecendo a sua chaga e a sua dor, e sabendo ser incapaz de suplantar tamanha dificuldade, oraria a Deus, confiando na Sua resposta. Quando nos achegarmos a Deus totalmente rendidos a Ele, fiados tão somente na Sua misericórdia e poder, estarmos muito próximos de receber aquilo pelo qual tanto ansiamos.

III - Conclusão

A oração de Salomão tem muito a nos ensinar. Certamente temos que mudar os nossos conceitos, e entender que a nossa conversa com Deus não pode ser resumida numa relação interminável de pedidos pessoais. Ela é, acima de tudo, uma demonstração de compromisso com o Senhor. É exatamente por isso que devemos orar com as atitudes corretas e com os motivos verdadeiros. Na oração, nós podemos tanto honrar a Deus, glorificando o Seu nome quanto mentir a Ele, tentando enganá-lo com os discursos elaborados. A verdadeira súplica não é aquela que diz o que Deus quer ouvir, mas aquela que desnuda a alma diante Dele.

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